E me vem um cheiro do bolinho de chocolate com cobertura de brigadeiro com pipocas coladas em cima que ela fazia pra nós passarmos a tarde... Os momentos em que eu corria atrás dela pra pegar no peito, ou simplesmente abrçava ela bem forte e só dizia: eu te amo. No inverno, eu sinto ainda mais falta, de poder dormir até o meio-dia e comer aquela comidinha sem sal que ela fazia, ou ainda, quando aos 13 morava praticamente sozinha, com toda aquela travessa de repolho e camarão seco que era simplesmente divina, e eu dividia em dias da semana os pedaços, e simplesmente esperava ansiosa os próximos dias em que ela viria, eu me sentia tão em casa, em qualquer lugar que ela estivesse, até mesmo aos cultos matinais insuportáveis, eu ia por ela. Eu me lembro de cada detalhe dos seus olhos, de sua gargalhada misturada com choro, e eu mesma ainda choro assim, porque é tão clichê chorar.. Os sonhos que ela sonhou pra mim, e se foi sem vê-los, me sinto tão vazia, tão oca.
Os namorados que ela simplesmente adorava, os 15 anos que ela deu de presente pra uma punk/grunge que colocou 'I wanna be' da Pitty pra entrar no salão..
As visitas à minha casa no interior, por simplesmente querer estar comigo, as lembranças que eu tenho, serão sempre as melhores, as tardes que assistíamos novela até dormir, e simplesmente ficar debaixo do edredom enquanto chovia do lado de fora.
No inverno, eu sinto sua falta, Robertina José Soares .
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